sábado, 19 de novembro de 2011

vai.

vai, já te pedi, é só dizer...
não temas a dor que causar,
de fato, prefiro me arder,
do que não ter no que acreditar.

denovo, mais uma vez,
outrora me destes um bem,
deveras estavas também,
do outro lado da ponte.

me deves um não sem porém.
é visto em teu fundo de alma
que não trazes sequer um vintém
de tudo que dizes na calma.

vai, fala de uma vez,
não podes se esconder de mim,
se mesmo no calor do teu sim,
congelas o certo do não.

pareces que nem aí tem clarão.
não só no fundo da imaginação,
me fazer pensar outra vez,
sobre o que me procede tua tez.

me digas, por vez, dessa vez,
preferes viver de ilusão,
enrolar quem segura tua mão,
e que morre por dentro? talvez.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

auto.

eu vi alguém no ar,
se afogando nas nuvens,
se entregando ao vento,
voando no mar.

prefere desistir,
antes de tentar.
mas ousa calar,
a voz dos fracassados.

releva toda dúvida,
entrega a sua paz.
por um pouco de afeto,
pierrot analfabeto.

faz parte do seu ser.
retrai o conviver.
renova toda ideia,
traz plena odisseia.

e joga-se do abismo,
de dentro de si mesmo.
se mata da sua alma,
e nasce o corpo enfermo.

olhando pras suas mãos,
sem crer que está ali.
tão sóbrio quanto o não.
tão longe quanto o sim.

se vira pra viver,
desvira o que há de ser.
inventa sua paz,
armada, desleal, sem ver.

não traz consigo pão,
tampouco leva luz.
talvez não passe de escuridão,
mas tenta, claro como tal,
não ser tão, denovo, artroz.

de novo se esvai.
pintado de um rei.
traçado como pai,
tratado como sei.

pra alguns não passa de um,
pra outros, descomunal.
pra si, contrario do que
dizem ser normal.

prefere confiar,
e deixa-se enrolar.
prefere confiar,
e deixa-se prender,
por querer viver,
por tentar amar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

bem na real?

não consigo entender,
já dizia o poeta moraes,
é melhor ser alegre que ser triste,
mas é o negro nosso cais.

faça por entender,
rasgue sua vida,
amasse o seu papel,
vaze sua caneta,
quebre sua rotina,
chore até encher o poço,
mas o fundo dele.
pronto, acontecerá,
por fim, poetizará.

confiança.

será que amanhã tudo volta ao normal?
será que seresta acabou-se, por mal?
é grande o penar de pequena vigília,
é imenso o vazio de uma vida sem trilha.

foi grande assim o que não foi pra mim?
desejo profundo que voltes aqui,
e entendas, de vez, que o que machucou,
não foi mais que um não que teu sim encarou.

é muito penar perder confiança,
é chato, quisera poder não passar.
mas digo que existe no mundo, um pior,
reconquistar os olhares que - juro -
não haveria razão para perder.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

el niño.

dei voltas em voltas de mim
furacão que deu e passou.
não esperava enfrentar tanto assim,
um tanto que nem se criou.

talvez eu entenda por mal,
o claro de não ser porém.
talvez eu seja banal,
ou talvez eu seja teu bem.

tem dias que o dia se põe,
e é claro que isso é normal.
normal não são nossas canções,
em um mundo onde não há razões.


perdoa se eu não entender,
mas presta atenção no que for.
o medo é de te perder,
no meu mundo inteiro de amor.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

o sempre agora.

a noite chega lenta e calma,
a mente lembra, adia, a noite...
a tua face, o teu calor,
miragem num deserto ardor.

será que é calmo, ou realidade?
será que escarro, ou te trago aos braços.
que a chama vil permita que
o que passou ainda possa vir.

é tão real, é tão de pé.
é tão banal, é tão clichê.
é tão oposto à dor, teu rosto.
é devagar meu bel brazer.

mirando o norte,
a vida vai.
real ou sonho,
indo ao teu mais.
não olho atrás,
apenas vou.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

à moça.

tanto tempo até te achar,
perdida em sonhos desertos,
com medo de se encontrar.

e ao meu olhar,
você não acreditou
nos nós.

e hoje estou aqui,
de joelhos para te provar
que é de se entregar,
é de se pensar,
eu vou te cuidar.

e entre momentos
de estar só ou estar são,
a tua estação na minha vida
me inverte a refração.

 e  essa fração do meu sentimento
 que ponho em tuas mãos,
 que sirva de motivo, de calor
 pra que possas de novo sorrir.





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

manifesto cultural.

quase uma vida abraçados,
ou uma vida em cada abraço.
que decida se despacho,
ou que ame se te acho.

artesãos que tecem versos,
poetas que cospem fogo.
que tracem o amanhã,
ao tempo que pintam o rosto.

gritem seus léxicos tecidos.!
manifestem sua cultura!
retracem o sentido
desta capital de literatura.

que não fique no há de vir.
que o há que venha, dê e fique.
ares de revolução,
através de uma canção,
que misture todas as artes
em um copo e as agite.

!OPERÁRIOS DA ARTE, UNI-VOS!

sábado, 8 de outubro de 2011

pleno.

ando por aí, perdido em becos e ruas.
leio poucas linhas de um livro antigo, no escuro.
talvez o peito corroa de saudades tuas,
estranho, mas ontem era tudo tão obscuro...

obsoleto ser que trama tratados conosco.
negro caminho que a gente insiste em seguir.
cair no mesmo precipício todas as vezes,
amar pra desamar, sempre que conseguir.

um tolo uma vez disse que amar é ruim,
que apenas mata a alma e nos mata aos poucos.
verdade é a dor que trazes a mim,
mentira é dizer que amor é para loucos.

se eu corro, se eu caio, se eu amo,
desamo, retraio e discorro.
é simples, é como um pedido a si mesmo, socorro!
só ama quem sofre em nome do outro.

é.

tem dias que dão e passam,
sem bancar o ostinato.
a beleza da rara admissão,
seres sentidos sem desacato.

o mar, em toda sua imensidão,
escárnio por um pedaço de pão.
dilúvios por um pouco de atenção,
meu tempo parado nas tuas mãos.

que vá, que venha, que morra, que nasça,
parece que agora és tu, mia senhora.
que cuide, cultive, não jogue as traças,
fermatas longas do instante agora.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ao teu pedido.

olha só, pensei de não haver candura,
que a moça que passa na rua,
pudesse um dia me mostrar...

olha lá, os olhos de beleza pura,
a flor e sua formosura,
é de se pensar, se entregar, se jogar.

é má essa moça, é minha cura,
é, loira, tenho saudades tuas,
e acabei de te abraçar...

é pele, é claro, é são, é pura.
é moça e não me habitua
em tanto querer voar (no teu ar).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

a sala escura.

pierrot. de boas intenções. desaprendido da vida. sonhador. e, apesar de não saber o verdadeiro sentido do amor, só sabia amar. vivia da entrega. era feito de bem. seu espírito era enorme. e o seu coração? ah, o seu coração... uns diziam que era um arranha-céu. outros contavam suas migalhas. ele? apesar de, por vezes, achar grandiosidades, sentia o maldito bater apertado, levando-se para frente, embalando-se, e dando um murro para tras. quase o afogava, efervecia sua garganta, dormia suas pernas, e o regredia dois ou três passos. mas ainda assim, vivia. procurava focar-se em tudo. trabalho, estudos, casa. mas nem tudo ia bem... eram dias frios, setembro, correria. sua insônia e sua condição o trouxerem a alma mais linda, o ser mais autêntico, os olhos mais... anímicos. e o coração resolveu pular, garrar-se no novo e desmurrar os pulmões. carinho, atenção. a-feto de amor. a vida, bandida, vendia-se por um ou dois carinhos. e o destino, algoz como tal, trocou as posições. tanto da alma, tanto do pierrot, dando do inverno. era tudo frio. era tudo silêncio. nem bem as árvores sabiam a quem recorrer. derrubaram suas folhas como primavera, e sentiam frio por estarem despidas neste vento. alias, ventava muito por ali. oxalá as posições fossem terçãs. não, trucidavam o homem como assassinas. o matavam de frio. o pisoteavam. chutavam sua fronte. expunham seus medos e vergonhas. regurgitavam lodo em sua silhueta branca, amarga e mal-querida. mas o homem, triste que só, acostumara-se com murros e pontapés. tinha sempre a sensação de ser um rato de laboratório, tomando venenos como promessas. ilusões como curas. acordara. e doia, doia muito. sangrava. estava a beira de um abismo, e não... ele não sabia voar. sua visão permitia apenas um palmo. breu. escuridão. evacuaram todas as cenas. enegreceram aquele lugar. o homem entrou, e fechou a porta. dera dois passos, nem bem sentia os pés no chão. seus olhos já eram inuteis. e o seu coração, de tão a frente que estava, quando voltou, arrebentou suas costas, abrira uma fossa, e atirara-se do abismo em que homem se encontrava. agora o pierrot estava lá, de pé, em uma sala escura, procurando apenas um interruptor de luz. não sabia o tamanho da sala. sequer sabia se era uma sala. balbuciara oração qualquer, e tateava as paredes, correndo sempre o risco de pisar em seu coração suicida, que estava no chão, ao alcance dos seus pés.

sábado, 24 de setembro de 2011

descaso

quando algo ou não-algo te faz mal,
a barreira que te faz ser humano
é erguida em senzalas de outrora,
se levanta o seu lado animal.

projete no outro o si mesmo,
estampe em você o d'outro espelho.
quem se ama se mata a esmo,
ao ver que rebenta o próprio desprezo.

se não mais o que era de bem,
sem carnaval não há mais compaixão.
trate como tratado, também,
aprenda a negar dar a mão.

se faça das lendas em sí.
aprenda que nem sempre assim,
um lado só pode sofrer,
enquant'outro só quer bem viver.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

milonga.

as folhas caem,
la fora,
é data festiva por aqui,
e eu comungo do ópio em mim.

alvas pérolas caem do céu.
somos geada em sonhos.
tão frio quanto o inverno,
tão triste quanto o inferno.

preciso rever conceitos.
tempo de esperar,
minha alegria em chão de céu,
preciso parar de basear.

curioso é o ser humano,
que perde tempo buscando.
e consegue ser mais triste do que alegre
com o que mais está amando.

tem leite no café.
até minh'alma mudou.
e minha boca calou
assim que o vento virou.

me voy a cinza trote.
pra algum lugar de novo.
talvez ache minha quimera,
talvez no mesmo poso.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

descalma.

preciso me desconhecer!
tenho andado num caos interno,
numa refração de sentidos,
num mar de rostos lívidos.

alias, o coração é quem anda negro,
se confundindo com os astros lá do alto!
pesando mais do que qualquer coisa,
curvando ainda mais as minhas costas.

curvando todo meu ser,
me levando a fazer a curva!
parar de correr de pés descalços,
e voltar a andar pela calçada.

chega dessa vida podre,
chega desvalor da alma.
já não bastasse a falta arbitrária,
agora me falta também a calma.

lamúrias

o tempo que se gasta se fazendo alguém feliz
pode nunca mais voltar pra ti.
a recompensa de um mundo inteiro de carinho
pode ser outro qualquer roubar teu ninho.

tudo que se investe no mesmo destino,
folhas que se jogam ao chão em pleno verão.
tempo que seria útil em viver,
escorre pelos olhos de alguém, sem nem se ver.


eu lamento que tenhamos que passar por isso.
lamento que os dias não sejam os mais felizes.
lamento ainda mais por ainda me importar,
e esquecer de ser feliz para lembrar de amar.

sábado, 10 de setembro de 2011

uma semana.

faz uma semana
que fazem duas semanas
que em duas semanas
acabarão as semanas...

7 dias
pra fazerem 7 dias
que eu esperava os 7 dias
passarem 7 dias.

hoje eu arranco uma folha
do colendario na parede,
risco um xis bem grande
no calendário da cabeceira.

parece bobo mas vou ver você,
parece estranho mas vou respirar.
eu conto os dias, horas e minutos,
pra ver você chegar, e me abraçar.

espero.

um mundo inteiro, você pra mim,
e mudo eu fico, ancorado aqui...
quatro horas, madrugada fria,
e eu continuo aqui, fiel a ti.

te esperando como que diagnóstico,
confiando de olhos fechados,
mas com o coração na mão,
feito em milhões de retalhos...

inegável e inevitável, a lua me leva a você.
se não me preocupasse em agora te ver,
de certo não seria sincero,
por isso, nessa angustia de espero.

eu sei que por mal não farias,
mas sabes que venho de outras sangrias.
carnavais que findaram em luto,
entregas que geraram dilúvios.

as pernas, bambas, dançam qualquer nota.
a noite corre em compasso apressado.
a vida, por vez sforzando, morre,
e eu morro junto, mas sempre calado.

te espero por te amar,
confio por esperar
poder confiar,
em quem me afagar.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

de dois em uns.

marcas do passado, manchas do futuro.
eu piso numa poça de saudades e lavo a alma.

ando meio inspiração, sem tempo pra pensar.
mas quem diabos pensa em pensar podendo amar?

uma vez a poetisa me disse que era madrugada,
cedo demais pra sonhar, pra ser feliz...

acredito que a vida se inclina, pende pro lado como uma torre malfeita,
e a gente, lá de cima, se aproxima do chão, e voa denovo.

ela te puxa o tapete, você cai, põe as mãos no chão e se levanta,
toma um café forte, se despede da fossa e se levanta.

nada aconteceu, você está novo para outra ilusão.
a vida é feita de ilusões diárias, de vários amores... pela mesma pessoa.

quem foi que falou que o amor é uno? ei, eu amo!
sou homem e choro por amor. choro de saudades. de dor.

e sim, cada mal entendido me bate como óbito.
mas quem chora por amor, sorri pelos olhos...

as primeiras

já que nada mais ganha espaço
e se o que eu mais quero é um abraço,
sina nossa é cultivar-nos coração,
sigo te pedindo em oração,
imigrando cidades e sentidos,
cravando em nosso viver
aquela bandeira de sorrisos.

granizo lá fora, frio.
urro teu nome no travesseiro.
zabumba bate no meu peito,
zonzo de saudades de voce,
omito tudo que sinto para que

entres na minha vida.
unica vez, sem mais sair.

tentes achar, dentro de mim,
e entendas porque te olho assim.

acho que sim, acho que não
mas prefiro calar,
o coração.


sábado, 3 de setembro de 2011

aposta.

aposto contigo tanto carinho.
já posso não ser o teu certo,
talvez nem um terço que sonhas,
mas um inteiro de um tudo mais perto.

esboço em qualquer guardanapo
qualquer sorriso estampado em teu rosto.
embolso tuas mãos em carinhos
e monto guarda, em ti faço posto.

cansado de ser sempre são,
buscando remar ilusão,
traçando com giz ou carvão,
o teu nome no meu chão.

sempre as mesmas rimas chatas,
sempre os mesmos passos fixos,
sempre em ti o meu carinho,
nunca, em ti, mais sozinho.

amor, desamor, paixão, ilusão.
um nome não muda o que vem.
um tempo perdido tentando explicar,
um tempo, que não o teu bem.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

caso.

era negro e antes fosse,
hoje fossa multi cor.
raro foco sem fração,
de uma alma, professor.

antes briga, brigo então.
pra qualquer flor desabrochar,
são espinhos sem pudor,
se não são em seda, azar.

sol poenta e digo logo:
teu ex tapa furto,
noite nasce e em ti loggo,
meu estapafúrdio.





sábado, 27 de agosto de 2011

chuva

a nuvem pesa nessa noite vazia,
e eu te enchergo dentro da minha retina.
distante de mim não sei o que fazia,
e a chuva une nossa grande sina.

eu me pergunto se a nuvem que me encharca
é a mesma que embala tua madrugada.
e se o vento que desceu daí de cima,
traz consigo os teus ares de menina.


e meu impulso de pegar carona,
de te olhar e dizer as coisas mais cafonas.
te deitar em meu peito e te dormir,
cuidando a noite inteira, ver quando sorrir.

poucas cidades de distância.

já tem dois meses de que renasci,
e a esfera que espera pra me debochar,
mal crê que estou costurado em ti,
e encara em soslaio a nos desafiar.

estampo em meu rosto inaltero
qualquer negação pra não te entregar
acasos de olhares e vezes
que tratam de me aquietar.

és parte da minha pouca alegria,
que habita e explode meu peito.
bem fazes meu recrer da vida,
levando-me a parte do teu inteiro.

re-habitas do nunca explorado.
descobres um país inflacionado.
faunas estintas num globo retalhado,
cores de uma aquarela de um quadro não pintado.

sábado, 6 de agosto de 2011

saudade.

a gente quer tanta coisa,
e tanta coisa não quer a gente.
a falta do que não se viu,
a falta de ter algo em mente.

a saudade é tanta,
que se solidifica.
escorre dos olhos,
e não petrifica.

sei que é falar do impossível,
sonhar os contos de fadas.
mas, não entendo porque não ser real
o íntimo dos sonhos nas madrugadas.

eu queria mesmo era ser um mágico.
eu queria poder retroceder e congelar o tempo.
queria lutar contra os ponteiros do relógio,
e ter controle sobre a direção do vento.

ao sabor do vento,
ao ritmo do alento.
andar em passos lentos.
sempre do lado de dentro.

Deus, eu só pergunto o por quê.
se estiveres de mim fazendo piadas,
sinto dizer, mas a graça já acabou,
e eu continuo aqui, em paz armada.

o descompasso cardíaco na retina do olhar.
o calibre da saudade sem sequer engatilhar.
de todos os desejos, gostaria de apenas um,
poder secar tuas lágrimas e nos retomar o ar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

pra nunca mais te ver.

sinto te dizer, mas nao posso deixar passar.
por mais triste que seja, dói mais adiar.
quando eu te conheci, mostrou-se para mim
o ar pra respirar, o tudo que senti.

nem bem me acostumei com a tua convivencia
me dizes que o eterno se torna incerteza.
nos olhos, não carinho, mas, por vez, distancia.
não sei se aguentarei, apesar de das mil promessas

signos, frases. feitas e desfeitas.
novo e denovo sinto a minha fraqueza.
depois do que vivemos, depois do que escolhemos.
adeus, foi bom te ter. pra nunca mais te ver.




(arquivo de anos atras.)

segredos.

há um segredo em mim,
um nó pra desatar.
há uma flor em ti,
prestes a desabrochar.

há um sentimento em mim,
de guardar essa cor
em algum lugar pra ver,
cicatrizar a dor.

escolho a melhor forma,
a dedo, seleciono,
dizer que corre riscos,
que tiras o meu sono.

se continuar assim,
traçando meu futuro.
vou acabar, de vez,
por ti me apaixonando.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

bem querer.

duas e duas de uma negra noite,
duas almas se duam, és meu bem querer.
é hora de cama, te reencontrar,
num mundo mágico onde vá te abraçar.

os duzentos e quinze
que me impedem de te ter,
eu ousaria caminhar,
pés descalsos, passos largos, perecer.

duas horas e quarenta minutos,
duas horas e pouco da manhã,
duas horas perdido em abraços,
uma vida bem vinda de febre terçã.

infindo, duvido que possa sofrer.
és linda, trejeito em que quero morar.
és rosa, rejeito qualquer outra flor.
teus olhos puxados mirando-me amor.

teus olhos puxados mirando-me ardor.
teus olhos puxados mirando calor.
teus olhos puxados mirando fervor.
tus ojos rasgados mirándome todo el amor.

sonho âmbito. - distante daqui.

tem horas que paro pra tentar entender,
tem vezes que somes com a intenção de viver,
tem vezes que amas e volta à razão.
e as vezes eu acho que perdeu-se na ilusão.

idas e vindas e tombos e sinas.
não é mais tempo de voltar a ser menina.
se és anjo que miras a dor do meu caminho,
questiono o por que de tanto malabarismo.

é simples aceitar a condição de uma vez.
se a vida faz piada não há o que dizer.
mas a flor que te trago, mesmo que aqui,
é flor de coragem, amor sincero por ti.

uma vez que assumas a sina de amar,
uma vez que me aceites e não mais me afastar.
te peço que ponhas a mao sob o peito,
e ao fechar os olhos, sentirás o meu feito.

se olhares tuas pegadas verás só um par.
apenas dois pés judiados irão se mostrar.
mas não pense que sozinha está, bem querer,
as pegadas são minhas, nos meus braços te levo,
nos meus olhos eu guardo as lágrimas de te ter.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

tempo. (quarta estação)

faz tempo pra mais nada,
os olhos não vão mais abrir.
o silêncio é o que mais me cala,
a dor é o que te traz aqui.

tempo. (terceira estação)

faz tempo pra balanço.
fechar as portas da emoção.
descaso com quem descasou-me,
ou arrisco mais uma fração?

tempo. (segunda estação)

faz tempo de chuva.
o céu escurece, as nuvens se deitam.
e as gotas que eu secava do teu rosto,
ao mirar-me lá de cima, se deleitam.

tempo.

faz tempo desde ontem.
a saudade me consome.
tudo mudou em tão pouco tempo,
ou eu quem mudei e não mais te mereço?

meras trevas.

ouço sussurros no corredor,
pode até ser imaginação.
as seringas não me satisfazem,
muito menos essa armação.

os aventais sujos.
as pinturas cegas nos quadros.
os demônios tatuados
em cada gota do meu escarro.

não lembro quando comecei,
e nem sequer tentei.
tudo era lindo, abstrato,
e agora é a luz do teu retrato.

corro até meu peito inchar,
os batimentos ameaçando parar.
as feridas são banais
estampadas nas capas de jornais.

se eu voltasse e pudesse tudo mudar.
ser inquilino dos meus próprios medos.
eu me acostumaria ao velho desejo
e não faria mais parte do teu receio.

existem vários modos de falar e escutar:
alfas, ômegas, ódio ou amar.
mas de nós dois, eu falo como se fosse a terceira pessoa do singular,
e me vejo fora da vida que sempre supus estar.

corro da guerra, as lágrimas brotam.
canções de paz, hinos de horror.
eu acabo com as drogas
e elas acabam com meu amor.

eu deixo aqui,
talhado na lápide.
toda a vida que desperdicei
durante o tempo em que amei.

domingo, 24 de julho de 2011

sujeira.

eu tento fazer promessas
que me soam tão incertas.
eu falo o seu futuro,
o você o torna obscuro.

eu entro em becos sem saída,
eu mergulho a fundo na minha sina.
nunca deixei os tempos de menino,
mesmo que da vida tire fino.

cansa tentar ser o sujeito padrão
num mundo que anda na contra mão.
bem na real, quer saber?
é mandar tudo se foder.

terça-feira, 19 de julho de 2011

passa tempo.

se o vento parasse de soprar,
se as cores se perdessem no ar,
se as folhas parassem de cantar,
se você resolver não passar.

seria difícil enxergar,
com tudo que hoje eu tenho,
a vida passa devagar,
e eu vivo à sombra do teu jeito.

se o tempo me fizesse um favor,
parasse no instante de um beijo.
se a tua pele me emprestasse calor,
realizando os sonhos em que nos vejo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

julia.

de noite, céu se fecha
e fico aqui só pra te ver.
é claro que clarão do dia
faz sentido com você.

depois de te ver uma vez,
sentir teus braços, uma só vez.
agora sei dos teus abraços,
e é concreto meu motivo
pra sentir saudades tuas,
julia.

sei que ficas triste quando
falo coisas que não faço.
sei porque também me sinto
mal quando eu não te acho.

agora sei dos teus abraços,
e é concreto meu motivo
pra sentir saudades tuas,
julia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

de nós.

descaso.
des-caso.
ex-caso.
escasso.
refaço.
desfaça.
disfarça.
demarco.
de fato,
des-tato,
retrato.
(da capo)

ventania.

sentidos desgovernados.
terra de ninguém.
alguém separa a guerra.
e prega o próprio caos.

folhas rasgam-se tão sós,
caem sobre o lodo.
afastam-se de nós,
de mim, meu próprio algoz.

ex-faca a reação.
aduba a refração.
defecam-se sinais,
recai a solidão.

a solidão.

a solidão.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

cultural.

vejam,
não há mais nada em volta,
nem ar, nem vácuo, nada,
é claro que a vida se afasta,
é escuro não saber porquê.

leiam,
existem sinais invisíveis de sofreguidão.
pessoas lutando, pés presos no chão.
amantes chorando qualquer situação,
e fetos mamando qualquer podridão.

sejam,
pois ser é o desafio de um são,
re-ser pra crescer a esquecida nação,
ser e merecer a simples condição,
de, o nome na história, ser cidadão.

sábado, 9 de julho de 2011

muro das lamentações.

te agarrei com mãos de fumaça.
e quando menos percebi,
num ato de desamor,
mesmo que perfurando minha mirada,
desolhou meus sonhos mais internos.

é curioso como as palavras
fluem mais na tristeza.
é curioso perceber o quão despoeta somos.
simplesmente traçar linhas tortas
lamentando-se da vida de rei que levamos.

mas só quem morre de amor vive ilusões.
só quem é capaz de amar e se perder,
só quem adapta-se a vida conforme a mentira
entende que, qualquer dor não é uma dor,
mas um perjúrio de lamentações,
um muro de desrealizações.

a mente perfura o coração,
o estômago pesa mais do que qualquer coisa.
os pés, cansados, prostam-se aposentados.
alma já não há. e coragem?
ah, coragem...
essa nunca deu seu oi.

terça-feira, 5 de julho de 2011

retalhos. -quarto ato-

e me miras como um todo,
olhando o que mais íntimo d'alma fosse.
segure meu coração, e o aperte,
dele escorrerão as iniciais do teu nome.

retalhos. -terceiro ato-

é lógico que tudo
não passa de inspiração.
por suposto, ver o mundo,
no nosso uno coração.

retalhos. -segundo ato-

se dentro de ti não me encontras,
deixe um recado na geladeira.
afinal, arrombar portas,
é a atividade do poeta.

retalhos.

saibas, que por tão querida em mim,
abandonar-te é fora de questão.
na hora em que não me encontrares,
tentes bater nas portas do teu coração.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

mudou!

faz tanto frio sem você.
mas não devia.
até então não era nada, nada,
nada além do que sabia.

é tão estranho o sol se por,
enquanto nasce aí.
distância, nem tanta, mas se faz
milhas de ti.

eu fico sem norte,
e não quero olhar pra trás.
não era pra ser,
mas levas contigo minha paz.

me culpo em saber,
que é tarde demais,
já não sei porque,
mas olho por onde vais.

e se eu me preocupo,
e se eu te protejo,
não é porque eu juro,
e nem por desejo.

é só pelo fato,
de te querer bem.
talvez não inteira,
mas inteiro me tens.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

buraco.

uma vez ali, algo pulsava.
num compasso de vida,
num galope sem leis,
uma vez ali, amava
numa terra-de-ninguém,
numa arte as três.

hoje ali nada acontece,
uma tarde, uma noite, iguais.
tudo que sempre quis era nada,
e agora o nada encomoda mais.

uma vez ali batia,
agora ali não há mais nada.
um buraco dando espaço para pulmão,
onde antes batia um coração.

dois.

jogado no abismo de ti,
entrelaçado em tais traços,
sonoros olhares de amortecer
seus lábios, tão meus,
internos trejeitos que
caem as pálpebras
a um vazio sem igual.

garanto que ganhou-me,
urro ao travesseiro que me tens.
zombas de mim esse sentimento de culpa,
zombas de mim por ser tão infantil.
o que mais queria era te fazer crer.

sábado, 25 de junho de 2011

anjo.

dei voltas no mundo.
dei tiros no escuro.
te esperei, sentado,
em cima do muro.

inventei mil falas,
discorri eternos,
entortei o verso,
poetei incerto.

e na hora que te vi,
teus olhos me miravam a sorrir,
o abraço de um anjo estava ali,
simplesmente, roubando meu olhar.

geada fria, calor de um sonho,
um violão, e a tua voz.
caminhos tortos, se corrigindo,
anjo, fica do meu lado,
voa nas minhas asas,
fala minha poesia,
beija os meus lábios,
abraça minha euforia... em te ter.

terça-feira, 21 de junho de 2011

sóciossinos.

desacortinar a névoa que se estende,
(não) enxergar um palmo à sua frente.
pular os muros dessa decadência.
re-tratar os panes claros de um falho sistema.

parabéns para nós, errantes sóciossinos.
pseudônimos de algozes de nós mesmos.
olhemo-nos nossas caras de assassinos.
encaremos o sangue que vertemos.

pontuamos seres e raças não-pensantes.
juntamos átomos para qualquer reação.
julgamo-nos racionais que, sempre à frente,
racionam almas e as chamam de irmãos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

frente a frente.

eu não te conhecia
e, antes mesmo, já sabia.
dizem que todos se encontram,
haveria de te achar, um dia.

tão clichê soa o seguir,
mas não me prendo de falar, mesmo assim,
olhos claros, espelho de mim.
cabelos sol, que brilham, enfim.

mais uma canção que faço,
mais uma dedicação que traço,
nada parece suficiente,
pra hora de estarmos frente-a-frente.

terça-feira, 7 de junho de 2011

desumano.

sentado em meio ao sangue,
procurando a luz.
numa escura encarnação,
carrego minha cruz.

na casa onde todos
se fazem ninguém.
cavalgam com seus espinhos
nas costas de outro alguém.

separam-se por cores,
por sexo e religião,
e sem lucrar quantias
não estendem suas mãos.

sua glória fora perdida,
o lado humano também.
não passa de um des-homem
quem pensa só no seu bem.

domingo, 5 de junho de 2011

na são

um dia as pontas se ligam
um dia tudo há de acabar.
um dia todo sem abrigo,
há de ter seu lar.

um dia que não sei quando virá.
um dia em que tudo irá mudar.
um dia nosso canto vai se ouvir
de onde não se espera vir.

mas fica a dúvida no ar,
poderia a nação assim mudar,
exalando tanto lixo cultural,
alienando em todo e qualquer canal.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

alegorias.

fantasiar você em nostalgia,
sentir você na maresia,
te olhar com tudo de alegria,
sentir de ti tua energia.

fechar os olhos de alegoria,
ao teu lado onde antes não ia,
fazer da minha vida folia,
esquecer toda e qualquer todavia.

o mesmo fim pra tantos dias,
outro tom pra nossas vidas,
outro tom pras melodias,
fazer tudo que não farias.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

volta.

por favor, me olhe como nunca olhou,
os olhos como fonte de calor.
cresça dentro em mim, junto a mim,
sem assim, não possa mais viver.

volte de onde eu vim,
nossa fonte é a mesma, creio assim,
de um mesmo tal amor,
de um único resto de calor.

não fujas de mim,
não há caminhos para percorrer assim.
pródigo amor, volte para que um dia
volte a ser aí, o que és aqui.

sábado, 21 de maio de 2011

inspir a(r) ção.

procedência poética que afoga minh'alma.
tentativa desvairada de arrumar o pensamento.
selecioná-los numa estante.
separados por forma, tamanho e perigo.

palavras que formam prazeres
ou desvairadas e inexplicáveis horas
que escarneiam e poentam meu dia.

ou que ascendem nos olhos,
de uma escala ultrajada
de prazer,
uma nova melodia.

terceira pessoa do meu singular.

andava em ruas tão desertas.
falava em frases tão abertas.
sentia tudo tão depressa.
amava cada lado das moedas.

não via como a noite era bonita.
não via as cores tão distintas.
não via lado humano no seu sí.
não via a beleza de um simples mí.

era um simples nada tão normal.
ficava em casa em baile de carnaval.
ouvia músicas que ninguém mais ouvia.
pregava coisas que ele não fazia.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

visões.

levitar num campo minado,
prestes a desabar no caos.
tempestades que atormentam
todo resto da minha paz.

se esforçar em atos falhos.
quimeras sem norte deturpando razões.
fuga dos raios, entrando em atalhos
que levam à escárnio em negações.

preponderante frio que te embala.
nostalgia do sempre que se inala.
jardins mortos e rosas negras.
anímica dor que exila as cegas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

o amanhã de antes.

já me olhei em muitos lares
pra morrer no sol de sí.
já senti na pele o feito novo
pra juntar um trapo aqui e outro ali.

um gole café, bordão das cordas, poesia.
nada que antes tente, faça, rume,
pode desgastar de mim essa supremacia.

eu pulo o que há de não vir,
englobo todo certo que há aqui.
corro pro refúgio, chovem letras,
repito outrora, eu, plural de mim.

domingo, 1 de maio de 2011

hermanhesseando

morrer-se da carne é o ato de libertar mil almas furiosas e acovardar-se diante dos problemas.
morra-se da razão,
sem horas e sem dores,
respeitável público pagão,
sejam, assim, não ávidos,
bem vindos ao teatro mágico.

polianímico.

sofro de várias almas.
morro da carne e acordo pro sonho.
não conseguir controlá-las
é um pavor de sofrer em viver medonho.

tudo acontece em um abraço das pálpebras.
entropia anímica fervorando meu eu.
lupino ser enxergando-se em mil almas.
discrepância de seres matando o meu.

a entrada é o preço da razão.
morrer da alma e definir-se, enfim.
rir-se e entender-se como ilusão,
um mágico teatro, início e fim.

fim de uma vida, uma era insana
de dores e buscas, navalhas e burcas.
a carne morreu, pluralidade profana.
viver entre peças das ruas internas.

libertar-se de si para viver de mil almas.
todo começo surge a partir do enfim.
hesseando as vidas que antes não calmas:
eu, plural de mim.

"pra dilatarmos a alma temos que nos desfazer. pra nos tornarmos imortais a gente tem que aprender a morrer."
(O Teatro Mágico - Fernando Anitelli)

terça-feira, 26 de abril de 2011

ausência.

esses versos são um desabafo.
faz muito frio por aqui,
carento teu abraço.

te falo de tudo que acho.
é tão estranho amar
com a alma a congelar.

é como o gelo derreter.
nas geleiras desaguar.
assim é estar com você.
sem poder, sequer, tocar.

frio dos invernos!

e a falta que me faz
alguém pra abraçar,
esquentar essa desilusão,
esse frio de solidão.

costurar os braços
em colcha de nós dois.
um pequeno mundo a parte,
pra viver qualquer depois.

procuro um mundo novo,
o teu calor nesse inverno.
inquieto em procurar
o meu anjo no inferno.



mais uma vez eu rimo de amor.
de fronte a esse mundo de palavras no ar,
incapaz sou de sobre o mundo dissertar,
se dentro em mim está a imagem de nós dois.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

a todo custo

queria tanto agora te sentir,
sair voando desse nada pra te ter.
somente tuas palavras me fazem sorrir,
é desse vinho que eu bebo pra enlouquecer.

as tuas curvas e teus cheiros só pra mim,
a noite cria um frio insano só pra que
a gente tenha uma desculpa pra se esquentar,
eu tenha um bom motivo para te roubar o ar.

e nem que eu tenha que esperar,
pouco possa viajar.
e nem que eu venha a te roubar,
eu vou te consumir,
eu vou te conversar,
eu vou, a todo custo,
te fazer se apaixonar.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

chegada.

se a fonte da história se faz agora,
Deus não há de se opor.
mando notícia e semeio a hora,
pra colher e chegar aonde for.

e a cena de mil possibilidades,
o tempo não sabe quando trazer.
penso em tudo que nos invade,
e vejo a hora de acontecer.

fazendo hora todo o tempo,
ensaiando gesto a se fazer.
um mundo atravesso ao sabor do vento
desafiando todo querer.

sábado, 16 de abril de 2011

os dois lados da celeste.

me alimento de uns poucos goles de café,
te olho de soslaio com medo que não repares.
podes-me ver, daí de onde se poenta?
podes-me projetar em sonhos, em olhares?

ajoelho-me sob a luz do luar anoitado.
é tão imensa que chega do teu lado.
uma ponte de pensamentos, nosso prognóstico.
sem ser simples. sem ser certo. sem ser lógico.

enlouqueço arqui-tentando possibilidades.
é hora de ceder às vozes que cantam teu nome.
talvez seja doença excesso de você no peito,
caso sim, interne-me no teu mais íntimo leito.

a lua, por vezes cheia, por vezes tímida,
me olha com aquele inocente olhar de menina.
bom, não sei se olha ou se apenas reflete
o olhar que a vê do outro lado da celeste.

interno (em teu leito)

dentro do meu peito
és pra mim leito.
amas-me lento,
morres vida sem receio.

traz-me teu sorriso,
pra me dar abrigo.
te penduro em fotos,
eternizando os votos.

meus vícios de linguagem,
julgo pouco pra imagem.
são efeitos que não trazem
o que teus olhos me fazem.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

torto.

bom dia.
vim até aqui,
enfrentei tormentos, tempestades e, todavia,
cheguei pra te oferecer.

bom dia.
já tens alguém para amar?
é bom te ver sorrir,
pintar retratos e vidas com teu pincel de ser,
ser aquilo que há de vir.

bom dia.
meu coração anda abandonado,
e cada vez mais em ti ligado.
eu me lembro, dizias-me que eras tua vida.
então, me queres pra sempre?

bom dia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

tua ausência no papel.

é hora que passa e nada se mostra.
escondo em mim palavras de vão.
diante de mim, solidão se prosta,
me olhando a vontade da tua mão.

maldita abstinência de verbetes.
a ausência de ti se exibe, sorridente.
toma do meu ser alguns filetes
e liquidifica-me torrencialmente.

chama que se oscila e apaga.
não existe o antes, nem depois.
tampouco o agora me dá a mão.
nada existe na falta de nós dois.

não é mais simples caminhar,
compor as melodias sinceras.
se a esmo assim continuar
efêmeras platônicas quimeras.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

opus ópio.

de tanto que tanto encanto,
era de fronte a tristeza do óbvio.
não raro, anjos cantam meu recanto
com harpas desafinadas, um opus ópio.

mal seja a dita dos lábios teus!
mentes para mim como algoz!
amargura os atos doces meus,
(d)es-tampa em meu peito ato atroz.

cair-te-ia no lodo e na lama,
se não fosse, por assim dizer,
minha compaixão de quem ama.
mas trair te travestiu prazer.

pois, então, corrompa-se!!!
mate-se por inteiro e
leve-se de mim sem piedade!
amargurado ser,
de requièm já não se invade.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

rebrilhe-se.

pra que chorar em dias escuros?
pra que estancar-se em mágoas?
sempre haverão novos ares
que renovarão tuas águas.

não chores de nada,
já que sorrisos teus são tão belos.
dê aos tapas a cara,
viva dos sentimentos mais sinceros.

não canse de ouvir a mesma música,
releia mil vezes a poesia.
sorria enquanto viver,
o teu sorriso ilumina meu ser.

efêmera mágoa que desbrilha-te,
tristeza sã enquanto durar.
mas, vista-se de si mesma,
converta-se em rebrilhar.

sorria, cante, dance.
atue, mostre, ame.
seja enquanto viver.
teu ser ilumina meu ver.

poeto-lhe, espero-te e busco.
sonho e me esforço, pra assim,
te fazer, por conosco justo,
sorrir nossa vida pra mim.

terça-feira, 5 de abril de 2011

anímico.

tenho junto a mim dificuldade,
dentre tantos poentes, alguns maiores.
farto-me de inesperança e desagrado-me.
me olho nos olhos e revivo amar-te.

quebro palavras e colo-as invertidas.
forço consoantes em teus olhos
na esperança de tê-los mirando-me.

um retardado sentimental platonizando quimeras.
sincero-me da milésima vez que o ato.
mas encaro como a primeira vez, de fato.

entorto as frases na tentativa de laçar-te com elas.
tento, desesperadamente, acreditar que faço efeito.
doença anímica, essa, de amar-te profundamente.
e desamar-te da forma como amei-te lentamente.

sábado, 2 de abril de 2011

estrela,

tu me vês de onde estás?
diga que sim, diga que brilhas.
pois pra mim és mais norte que sol.

estrela,
serias tu forte ao ponto de me erguer?
brilharias tanto pra não existir final ponto?

estrela,
és das coisas mais belas do mundo,
por ti, tudo parece vago lá no fundo.

estrela,
ó, estrela, não deixe de brilhar.
onde estiver, lembres que me põe em pé.

segunda-feira, 28 de março de 2011

sou rir tu'alma.

ah, essas palavras que vieram,
acariciando meus ouvidos.
retornam ao meu coração
a compaixão da alma do vir e ser.

em si-nônimos, luz a esmo.
em travessas de reação.
o casamento por ser o mesmo
desde aqui desta canção.

é doce a perdição.
é sal pro meu sabor.
é luz pra mediocracia,
é, entre tanta dor, estar são.

essa cena contracena com teu-meu.
essa voz que brilha em peito teu.
trucida minha'alma e(m)levação,
alegriada paz do caos da folia-canção.

sou rir por te ver aqui.
sou riso por folião em ti.
amigos da arte e por si.
amantes distantes, quimeras sinceras, abraços, retalhos de amor.
alegriada paz do caos dessa folia, minh'alma é tu'alma sabor.

sexta-feira, 25 de março de 2011

mas afinal, quem somos nós?

estava eu aqui, tomando um mate em companhia de uma velha amiga: a solidão. ah, essa sim é verdadeira, nunca me abandonou. fica de lição: até a solidão tem o seu valor. a solidão é a companhia de si mesmo. tempo de auto conhecimento a esmo. porém, CUIDADO! auto conhecimento em excesso faz mal! leva a morte por intoxicação de você. por isso a gente nasce com cordão umbilical, é a bula da gente. nunca deixe sua independência criar asas que quebrem. nesse contexto, eu diria que nunca seremos independentes. somos eternos prisioneiros das próprias grades. ninguém é sincero consigo mesmo. ou seja, todo mundo é uma cópia de algum outro alguém que não é sincero. ou seja, um vai copiar o outro, que vai copiar o primeiro. pra não se prender em seu próprio mundinho. isso explica o amor: se prender no outro. sendo assim, a gente até pode se desprender do amor, mas algo do outro sempre vai ficar. e é essa a construção de nós mesmos. a nossa personalidade não é nossa, mas é um pedacinho de cada um que passa em nossas vidas!


(adaptado de conversa via twitter com Jean Pedro Betiatto - @jp_something)

sexta-feira, 18 de março de 2011

auto-retrato.

assopram palavras, ruinam o castelo
cartas voam e organizam o caos
não há nada que se possa fazer
se o tempo passa e as coisas mudam de lugar.

é de amor e lágrima, morte e viver
que se escolhe o que quer ser.
ninguém é certo de estar aqui,
cada um é a bagunça que faz de si.

amontoam dissonantes maléficos.
escurecem as linhas de quim-eras.
constroem e desconstroem o bom-senso.
é de si que se é mais propenso.

almas de poesia, agentes de viver.
constroem-se de si sem ventos frios.
catam brisas, ventilam sonhos,
dom quixotam cartas marcadas de entrelinhas.


____



*baseado em trechos e conversas de Glenda Varotto.

doce.

em sonhos de um sonho-a-dor,
de longe o verbo é incerto.
sem verba de ir, e um doce ficar,
só pra te descobrir, escondida em claves.

a pauta da distância
apalpa em mí fá sí-na nossa
arte de convir com o belo
com o vir de um sinje-elo.

de um doce sonho cê vem,
como borboleta que antes voa,
pousa em repouso da minha tenção,
desperta trejeitos minha atenção.

segunda-feira, 14 de março de 2011

sonho.

é o avesso da tristeza,
a beleza de uma dor.
capaz de atravessar montanhas,
vales e cidades através do teu calor.

é confuso o escuro do meio dia
em dia que não há uma entrelinha pra te ler.
é a hora mais feliz da minha via,
quando o dia acaba e eu levo você.

é puro, fraternal e genioso.
é um laço não de sangue, é irmã ter.
eu considero tanto que um "eu te amo"
já não é suficiente pra dizer.

sábado, 12 de março de 2011

popeno. (segundo ato)

de leve presença
levando meu presente em prosa
eu peno, e em pena, canto em verso
que te trago nos olhos uma rosa.

inspiração que não existe.
vem do nada e em mim insiste
pra versar-te em tortos traços,
tecendo, enfim, os nossos braços.

de abraços e misericórdias,
e risos, alegrias e cordas.
pula, canta, fala, ri.
mas chora. molha de versos teu chão.

quando o branco rosto e rubros lábios
encarnam de falar, versar e cantar.
a criança desta alma nasce, como do ventre
de uma mente, que em poesia fala sem pensar.

quarta-feira, 9 de março de 2011

sonhar, sonhar e sonhar (até virar realidade).

vou mergulhar na poesia.
fechar os olhos e sonhar-te em vida.
viver o sonho e te ver comigo.
seguir trilhando esse mesmo caminho.

despenco elevando-me em outros planos.
morro do mundo, pra nascer em sonhos.
sonho um sonho de um sonhador.
e sonho que um dia, te tenha comigo.

é claro, minh'alma clama por ti.
a chama clareia almando em mim.
um mundo inteiro se for verdade.
sonho e sonho e sonho, até meu sonho?
até sonhar-te em realidade.

segunda-feira, 7 de março de 2011

popeno.

música é vida.
canto pro ar entrar em harmonias.
e ponho de canto a dissonância.
entre pausas e cadências,
difícil pautar cadê minha alegria.
ela está em todo o lugar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ande.

se chorares de emoção.
eu secarei tuas lágrimas,
daí, do teu coração.
de ti eu não abro mão.

é tão complicado
estar distante de ti.
mesmo que tão simples
o grande amor daqui.

eu te prometo,
em mais pura sinceridade.
que nossos sonhos se encontrarão,
que, de fato, acontecerão.

tudo terá sentido.
farei impossível pra nada em vão.
e, entre lágrimas de emoção,
que fique pra sempre no meu coração.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

café.

uma chícara de café
com sabor de você.
continuar de pé
sem tentar te esquecer.

eu lembro que pedias
para mim sobre querer.
vale dizer que é você?
poderias me trazer?

nas nossas tardes juntos,
que nunca aconteceram.
os faróis que eram teus olhos,
me olharam e me perderam.

e eu fiquei aqui,
gole a gole dessa negra vida.
fazendo versos desse amor,
paixão que não será esquecida.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

yin

cê vem e volta sem sim e sem não.
aparece e da minha alma torna-se pão.

mostra pra mim o que é belo,
o gosto, desgosto e sincero,
se torna de vez em sempre prazer.

a estação é imaginar-te a mim.
me pedes que em sonho imagine assim
suplica para dos olhos esquecer fechados.

ah, de olhos fechados eu morreria,
e morreria sorrindo, pois de amor eu iria.
chegaria ao céu dos teus olhos, em tua via.

cê diz que tem medo
e que rouba todo meu tempo.
pois roube também coração,
meus beijos, abraços, nos faça poesia.

me ama e completa,
que, bailarina, eu te poeto.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

tempo.

se eu te encanto,
é porque num canto de minha vida cantei a sua.
e se meus versos te fazem chorar,
as minhas lágrimas foram o papel do meu falar.

de tremulas, as mãos suavam
e o suor escorria dos olhos.
poetava a vida e encantava os outros,
e dentro dos olhos ninguem poderia enxergar.

e as mensagens continuam.
e o sentido do sentir
sente-se acostumado a me dar
sentido pra viver.

exala o teu perfume
e perfuma o meu jardim.
trago seu carinho
e trago em minha boca o desejo sem fim.

tempo de encantar.
tempo de renascer.
tempo de esperar.
tempo de viver.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

meus versos (tão) clichês.

e se o sono não vier,
é por querer te ver sorrir dormindo.
passar um café e te surpreender,
quando acordar, com o teu doce favorito.

travestir no clichê dessa canção
todo o carinho, e gratidão.
mesmo que aí, te sinto aqui,
você nos meus braços, e eu na sua mão.

um minuto, dois dias, três semanas,
poderia passar muito mais nesse momento.
poderia segurar firme na tua mão
para voarmos ao sabor do vento.

e essa coisa de não conseguir explicação?
pois bem, quem quer saber o que acontece?
pra mim, o vento canta uma canção,
e pra nós, toda noite se amanhece.

e quando a gente passa, mãos entrelaçadas,
as folhas caem ao chão, como que fizessem passarela.
as estrelas sorriem lá do alto, engraçadas,
lágrimas pra eu chorar no ombro dela.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

amanhecer.

o sol vem mostrando suas faces.
e eu continuo aqui, sonhando em te abraçar.
o sol vai roubando o moreno da noite,
e nada me acalma, nada me faz descansar.

a madrugada inteira em claro,
pensando no que eu poderia fazer.
o inverso do dia é escuro,
pois não há o que lhe dizer.

os pássaros cantam, palavras tão bonitas.
o azul vai clareando o negro de outrora,
seria tudo tão perfeito, se fosse do teu lado.
seria tudo tão bonito, se fosse acompanhado.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

impressão.

acordei lembrando de nós dois,
inconstante sina de amar.
os nós que nos prendem, o nó na garganta,
o sentido de ser retido no estar.

mil e um acordes, apenas um significado.
tantas palavras colorindo o nosso estado.
nenhuma delas parece agora ter funcionado.
parece que não surtiram o efeito esperado.

não é minha intenção te fazer chorar,
não quero que minhas palavras te façam desamar.
mas preciso te lembrar o quanto eu me esforcei,
preciso de contar do amor que eu te jurei.

eu sei que foi sincero tudo o que passou.
eu sei que também pensou bastante em nós.
por isso te agradeço o que me revelou,
apesar de me parecer que o que falo é tão atroz.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

uma pequena verdade.

eu sinto a tua falta.
de tudo que costumamos fazer,
de tudo que gostamos de dizer,
de tudo que podemos ser.
nos meus sonhos,
no meu coração.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

pra onde eu vou te levar.

depois de tanto tempo que nos conhecemos,
tudo volta a ser como era antes.
por meses e séculos inteiros eu esperei pelo beijo
e agora foges de mim fechando o teu coração. parece que não mereço.

mas eu prometo que mesmo não te merecendo,
sou capaz de trocar o mundo pelo teu olhar.
nada do que você já viu ou sentiu
é igual ao lugar da minha alma, pra onde vou te levar.

eu compreendo os caminhos por onde andou
e sei que dói a desilusão de um amor
que desencantou. mas por que você não deixa eu te mostrar
que comigo não vai ser igual? tudo bem,eu posso esperar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

final.

começar é sempre o mais difícil.
se tenho tanto pra falar, desabafar,
o que há de tão importante
que possa ser o início do acabar?

as palavras que escrevo nesse bilhete,
mesmo rasuradas de lágrimas,
são pra te levar pra frente,
dar-se conta do que fez com a gente.

agora o que posso fazer é seguir,
aprender a andar sem você pra me guiar.
me preocupo com os caminhos escuros
que teus atos fazem trilhar.

guarde em você tudo que fora bom.
guarde em você da minha voz o tom.
e, espero que um dia possa se lembrar
em meio a solidão, da proteção do meu olhar.

todo começo tem um final.
uma letra maiúscula, e um ponto para acabar.
o sol se pôs, e eu deito pensando em você,
e me questiono se ainda pensa em mim.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

quem sou eu?

não divague a respeito de mim.
não me trate como tratam a mim.
eu sou mais do que podem prever
eu sou mais do que todos podem ver.

de frase em frase construo alguém
que nunca fui, e na qual me tornei.
é que tu sabes, teus olhos não mentem.
é que tu sabes que sou diferente.

não tente questionar a minha razão.
não tente pisar no meu coração.
um campo minado, minado de nada,
eu nado em busca de empunhar a espada.

quem sou eu?
um filho de deus.
um aprendiz da vida.
um quase-tudo
de nada que você
nunca conheceu.

trítono

é inconsequencia de mim mesmo
essa mania de buscar o ópio.
talvez um vício de solidão,
ou a ânsia de um assunto sem razão.

toco notas em teclas pretas e brancas,
conseguintes aos meus olhos e minha alma.
acompanham os meus dedos as lembranças
de tudo que ignorara ao passar.

revelei meu interior e minha negação.
um trítono carregado de tensão, sem resolução.
que diabos acontece comigo?
eu busco, toda vez, fugir do meu abrigo.

notas que te apertam a alma.
esmagam sua mente como nada.
dias que escurecem em vão.
céus que te estendem a mão.
nesse meu-eu de nada,
nesse teu-eu tão são.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

lembrando você.

é, pra longe se foi,
e junto não me levou,
correndo pra outro lugar,
onde não vou poder te olhar.

o quanto vai demorar
pra mim poder te abraçar
eu sei. mas temo
que você esqueça de se lembrar.

as nossas mensagens, e os nossos olhares
me mostram que temes igual.
e dentro do peito meu, desenfreada bate
a tua consolação.

nesses versos tão iguais (e tão superficiais),
dentro deste clichê que qualquer um pode escrever.
eu digo que não há como não se lembrar
de quem não se deixa esquecer.

sábado, 29 de janeiro de 2011

situações.

o som dos carros passando na rua ao lado.
a escuridão que baixa no meu quarto.
em tudo vejo a imagem dos teus olhos
em que um dia sonho em poder me enxergar.

de novo eu digo que não vou te abandonar,
apesar de não teres dito que me quer.
nadar contra corrente pra te encontrar.
tudo que te disse ainda está de pé.

apesar de não entender o porque fazes assim,
está claro para todos que eu te quero só pra mim.
não importam as conseqüências que meus atos possam ter,
eu iria até o inferno e lutaria até o fim...

...por você.

sábado, 22 de janeiro de 2011

significado da saudade.

e se eu te dissesse agora,
que o arrependimento bateu?
que se eu pudesse voltar atrás,
nada seria como aconteceu.

subestimar a abstração da saudade.
foi o que eu fiz sem ter noção.
não tive a precaução, não evitei a sofreguidão,
e terminei sozinho, de verdade.

e se eu te mirasse os olhos agora?
e na minha fala só houvessem desculpas?
e se meus lábios pintassem em sua boca
metade de um décimo do inteiro que eu sinto?

ah, aí sim você se sentiria amada.
de verdade iria se sentir protegida.
nem tempo, espaço, nem tudo e nem nada
poderia tirar você da minha vida.

vida.

a noite está fria, meus pés não acham o chão.
o suor me escorre entre os dedos, pela mão.
na minha mente, passam filmes de uma outra era,
onde tudo era sagrado, onde tudo era belo,
onde um amor tinha valor, onde amar não era dor.

pego um livro com meu nome, limpo a sua poeira.
abro as portas de uma vida, abro o mar do coração.
dentro dele, versos tortos, compassos mal escritos,
alguém que mal aprender a viver, e já pensava em morrer.
tudo era dor, tudo era solidão, tudo era imensidão.

intenso.
cada momento da época das tormentas trazia a cabeça recordações.
caminhadas longas. em cada passo, um tombo.
talhava seu rosto em frente ao espelho.
mascarava as melodias tristes com palavras bonitas e um sorriso.
dentro de si, o mundo caia. dentro de si, tudo realmente acontecia.

configurações novas a cada olhar.
reatar dentro de si laços que nunca foram atados.
a cada sorriso que conhecia, uma cor diferente.
e apesar de não existirem aquarelas, apesar de não haverem lisbelas,
sempre havia alguém pra si, platonicamente amava.
qualquer pessoa que fosse capaz de viver, apenas para ser capaz de dizer,
"eu amo alguém, e estou de bem com a vida."

depois de cada tempo, depois de cada tombo.
uma nova vida e um novo andar.
meio para trás. meio em frente. um tombo. um sorriso.
uma mão e uma pedra.
um misto de poesia e felicidade.
segurava orgulhosamente seu pincel de melancolia.
e pintava quadros maravilhosos e tristes.
como um van gogh da vida. facetando de escárnios a morte.

um encontro de olhares. e um desencontro da alma.
a cada amor não correspondido, uma nova música.
a cada noite enluarada, uma boa hora para compor.
é, ele não era bom no jogo da vida.
mas achava espaço no seu próprio jogo,
do qual desconhece as regras.

(nem) tudo acaba no fim.

através de todo o pouco tempo que passei,
perante de tudo que por ti atravessei,
depois de te ver afogada em indecisão,
percebo que ainda não estamos no fim.

há tempos não via olhos tão insanos.
há tempos não suava as mãos,
só pelo fato de me enchergar em alguém.
é isso que me encoraja.

eu sei que não vai dar em nada.
eu sei que não é comigo que sonhas.
num copo de solidão em minhas suadas mãos
revejo meus olhos vazios.
apesar de eu não acreditar no fim,
sinto que estamos acabando, sem um início,
mas tudo bem, também sinto que
nem tudo acaba no fim.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

alaranjado.

o dia inteiro falando com você
não é o suficiente pra aquietar o coração.
é inevitável olhar para este céu alaranjado,
e te imaginar tendo a mesma sensação.

nuvem, aí do alto, nas tuas cores,
é possível trazer pra mim o meu amor?
daqui de baixo a distância é tão grande,
mas, com o sol, cobres tudo com um único se por.

promessa.

com os olhos fechados, e a mente em você.
com os dedos cruzados pra poder te ver.
lembro do dia que te conheci,
as mil lembranças que tenho de ti.

eu olho em minha volta, tudo está vazio.
os meus dedos se abrem, procurando a sua mão.
teu rosto frio me encosta, eu lembro da nossa canção.
e a nossa promessa de avisar um ao outro
quando isso tudo virasse paixão?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

acima de nós.

de novo estou aqui, tentando entender
o que você me faz querer dizer.
quando eu te olho, e o mundo gira devagar
as coisas não são mais o que eram,

do seu lado tudo tem um par.
do seu lado tudo tem por que.
as palavras que não consigo escrever
não são dignas nem de mim nem de você.

é tudo tão pequeno quando tento te traduzir.
é tudo ínfimo perante ao que temos aqui.
um destino, uma prece, um caminho,uma messe.
sentir e ser sentido. só contigo, e só comigo.

é impressionante como, em pouco tempo, me afetou
o teu olhar, que sempre me encantou.
nos meus sonhos se mostrava tão perfeito,
acima de tudo que havia visto ou feito.

a tua conversa e o poder de me acalmar.
capacidade de purificar o ar
que me trazes, em teus olhos, pra mim respirar
e sentir que nunca nunca mais vou te deixar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

(hey) olhe para mim.

fiquei sabendo que andas por aí,
em busca de um novo amor para sentir.
fiquei sabendo que procura pra si,
alguém que dê valor pra ti.

hey, olhe para mim.
não sou tão ruim assim.
o máximo que posso fazer,
é te levar daqui.

andaram me dizendo que tu sofres,
que confias em um muito mal vivant.
o que quer dele eu quero de você,
um minuto, apenas, pra te ver.

hey, olhe para mim.
não sou tão ruim assim.
o máximo que posso fazer,
é te levar pra longe.

o mínimo que quero fazer,
é te trazer pra dentro.
é te dar uma nova casa,
experimentar o meu calor.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

bruna.

se bruna soubesse o que quero falar.
se não estivesse cedo demais.
se certo seria de vez me entregar,
eu daria minha'alma pra esse amor.

não quero rimar os versos clichês,
mas não penso em palavras que tenham por quê.
talvez bruna tome tanto de mim
que não sobre nada para imaginar um enfim.

há tempos senti algo parecido
com outra pessoa, em tempos já idos.
e agora, bruna me faz crer
que volta a valer a pena essa incerteza viver.


__________________________

gentilmente escrita para um amigo (e sua bruna).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

perdão?

ora, se arrependimento adiantasse,
nem te conhecer teria acontecido.

o tão querido .

um ser que não sente e acha graça dos que o fazem não deveria ser digno do título de humano.

domingo, 9 de janeiro de 2011

admirado...

...da insensibilidade das almas,
me questiono profundamente:
qual a necessidade de fazer alguém remoer
um coração moído pelo insensato da gente?

amor de verdade.

de tudo que vivemos e passamos, a única conclusão que posso, realmente, dizer que tirei é: ame. ame sob qualquer circunstância. seja gentil, romântico. seja amigável, abrace. não pense apenas em amor carnal. faça do amor seu refúgio, crie armários em sorrisos. e se esconda dentro deles para, assim que abrir a porta, abrir também um sorriso. ame, como se fosse a única coisa que pudesse fazer no mundo agora. na real, é mesmo. tudo gira em torno do amor. ame intensamente. um mundo inteiro de amor. lembre-se que não é preciso provar nada quando se ama de coração. mas também, lembre-se que as provas são lembranças de renovação das juras. e as juras são o carvão de uma chama. tudo bem, existe a certeza de um amor sincero? dane-se, provar seu amor nunca é demais. confirme: eu te amo. repita isso, olhando nos olhos. repita isso sem articular sequer palavras. repita isso com pupilas frente-a-frente. repita isso de dentro da alma, aonde o mundo das mentiras não tenha braço suficiente para alcançar. ame mesmo que amor terminar. ame mesmo que a mágica seja desvendada. e que a ciência seja soberana sobre os olhos. ame mesmo que o amor te traia, e que sua beleza seja o motivo do maior trago da sua vida. ame, mesmo sabendo que seu amor viaja para amar outros amores. pois o amor mais sincero, é o amor que acompanha todos os outros sentimentos. quando se ama de verdade a falsidade de outro amor, aí sim, temos uma prova sincera de amor. e a falsidade, pondo-se para pensar, penará a acreditar que nasceu, e abriu mão de sorrisos, e mudou sua identidade, que antes, felicidade. ame mesmo quando o mundo parecer sufocar esse amor, e o mundo parecer ruir a cada vez que o amor vier à pele. ame, apesar das lágrimas. ame, apesar dos fatos. ame, apesar do ódio. ame, apesar do amor. ame, acima de tudo. e não esqueça nunca do amor. apenas seja forte. e, quando parecer impossível viver, apenas, ame.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

procissão.

o vento do amanhã
sopra sobre meu eu.
delicadamente vira
as paginas da vida.

o vento que me encara,
de frente sorri pra mim.
bruscamente amassa
o último capítulo.

o vento que venta forte,
me pega pela mão.
me leva pro futuro,
meu eu em procissão.

o vento que vem do norte.
o vento que venta forte.
o vento do amanhã,
o vento de shaman.

o vento que me inspira.
o vento te faz linda.
o vento que sopra vida.
o vento que lhe retira.

o ontem.

e essa saudade que bate?
essa nostalgia do que não passou.
a vontade de voltar e te abraçar,
sufocar o tempo que te levou.

e essa sensação que tudo é infindo?
pré-suposição do futuro que não vem.
essa reação que o meu corpo tem
cada vez que sonho com você.

e esse aperto que enoza o peito?
e essa mente que só pensa no dia
que, ao olhar pra frente, refletia o passado.
sem querer acreditar no amanhã sem nós dois.

amizadear.

pra que orgulhorzear
se pode descomplicar?
a raiva vai passando,
conforme o coração vai relaxando.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

filos orfias.

cantamos canções de amizade,
mirando a esfera marte,
esperando o mundo cair.

ninguém viu que marte
é apenas uma parte
do colchão de retalhos
que fizemos de atalhos.

alucinando a razão,
roubo de thor o 'tão'
e miro seus olhos em vão.

aproveito essa sofreguidão,
pra, com o roubo que tenho em mãos,
esmigalhar a esfera dos pesadelos
e acabar com teus inúteis apelos.

a graça da tempestade.

mas, convenhamos! tempestades, as vezes são engraçadas. já parou pra pensar que o raio vem do chão e acerta o céu? e faz um alvoroço todo pra mostrar que existe? reparte o chão. trai o sol. e ainda por cima tenta se mostrar bonito, tendo a mediocridade estampada no rosto? desse ponto de vista, a tempestade é engraçada. mas é triste seu espírito arlequim: também é traidora. um bom vivant constrói parte da sua vida, deposita sentimento, carinho e amor. sorri ao ver a bela chuva regando seu jardim. e, adivinhem só? o arlequim sorri.

cada nota tem um som que não é seu.

ah, que semana negra. que ano desviado. que dias inúteis. eu digo, maldito dia que conhecia tamanha perfeição. porque mesmo a maior perfeição esconde dentro de si uma podridão, uma mesquinhês do tamanho da primeira. pois é. e, eu, acreditando em minha alegria, me julguei mais esperto que uma criança, que me dizia de notas. um violão na mão, um sorriso no rosto, e uma inocência nos olhos: cada nota tem um som que não é seu.

facada às cegas no coração.

uma calha d'agua suja. é isso que me vem a mente. um coração que quer ser imensamente amado. mas não consegue amansar o passado. e a tua imensa mente se enche de culpa. se fez música a nota que não é sua. não sei porque digo isto, se a minha raiva consome minha mente tanto quanto teu desprezo consome meu coração. até porque a nota não sua se faz dissonância explícita dos harmônicos dos meus dias. atonal é tua euforia. lamentável a tua conduta. perfeitos são teus olhos. os dias de garupa. eu te amo. tu me desprezas. amas o desprezo. desprezo que desprezo.

cuidado. ele pode te cegar.

não seria a primeira vez que abririas mão de ti para correr aos braços da solidão. feche teus ouvidos para o resto. ouça apenas a tua nota. é triste isso, mas cada nota tem um som que não é seu.