domingo, 29 de março de 2015

soneto de morrer de amor

e se eu morresse agora?
do teu amor me padecesse?
terias ainda o gosto do beijo
e a vontade de ficar?

e se agora eu me esfriasse
por trazer o fogo ao corpo
e tornar-te rubro a face
pra gozar-te do meu gozo

no axioma do nosso afeto
eu crio e reviro as frases
adefuntado de amor idioleto

no oximoro da nossa sina
este defunto cheio de vida
por ti é mortalmente apaixonado

terça-feira, 10 de março de 2015

poesia sem nome.

de tantas vezes que já vim
não trago ao certo o que acontece,
só o trago do teu beijo me sorri
transforma qualquer verbo em algo incerto.

te olho nos olhos, a ponto de ver-te nua.
nua da face, da carne, mas cheia da alma.
absurdo é tentar encontrar qualquer pranto
que traga o sentido do que é nosso canto.

transforma-se em nada as coisas que falo.
parece que, ao passo do cheiro que exalas
eu perco por fim conteúdo poético,
a poesia me é feia pros teus olhos certos.

não,
nada que eu diga
nada que eu pense
mostra metade
do mundo que mostras
da vida que trazes
do beijo que beijas
e do amor que eu amo.