terça-feira, 22 de outubro de 2013

pouca coisa.

parece que posso ainda te ouvir.
frases não ditas num vácuo de tempo.
água que benze a madrugada,
longe da vida que agora lamento.

e o tempo que entorta aquilo que sinto?
que tempo tão vil que agora se deu.
é de se ver que ali era de paz.
era um sorriso incontido atrás.

era uma estrada, um abraço, um lamento.
eram dois olhos que ouviam atentos.
era um carinho, algoz de uma vida.
o mesmo carinho, ator de uma sina.

era uma dúvida, bela e recíproca.
era uma valsa, era uma ginga.
era de lágrima essa tal ventania,
que lá fora andava estancando alegria.

atravessa fronteiras, invade as almas.
dá tom ao assunto, fagulhas nas palhas.
que história tão bela que sonha que valha,
que veio só agora, na hora errada.

sábado, 14 de setembro de 2013

momento.

os dias vão cruzando histórias,
o tempo vai eternizando, então...
nem tudo eu vejo mais do mesmo jeito,
o jeito é aceitar que não é só mais eu...

o tempo vem como o céu em pranto.
trazendo a calmaria em seu próprio manto.
fazendo agora doer mais que um tanto.
e um tanto que é te ver em meu futuro.

de meses atrás, aos tempos que vem.
não é mais lugar, nem é mais daqui,
um plano acima, uma nota a mais,
cadência da era, palavras do bem.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

hoje.

e aí eu te olho.
e aí eu caio.
caio numa imensidão rasa,
que me suga pra sempre.

e aí eu te desejo,
te quero rente a pele,
quente como um fogo,
que se esquece de parar.

e aí se faz pra vida,
se faz pro mundo inteiro,
o que nunca foi de sonho,
meu amante desespero.

e aí se faz minha vida.
e aí se faz meus olhos.
e aí me pega a mão.
e aí me faz meu sal.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

não é em vão.

eles não sabiam que eram nós.
eles só queriam ter sua voz.
sua prisão era sua farda,
suas bombas, sua arma.

outros, tão grandiosos,
ousavam gritar seu verde.
exércitos da paz,
sempre, sempre pedindo mais.

acordou! agora é certo!
que o gigante adormecido
mostre a flâmula do amor,
mostre a cara, erga a voz.

apague a Globo, pelo globo!
não seja manipulado.
e que se Veja muito mais.
que se dizime tanto ódio,

que se acabe toda dor,
que se ouça nova música,
que se ergam as bandeiras,
que não caia a escuridão.

não são 20 centavos,
nada disso é em vão!
afasta de nós este cale-se.
unidos, todos são.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Gritos de Paz

Era preto e branco,
era paz e era voz.
Eram passos de um gigante,
que sofria de um algoz.

Eram flores, eram abraços.
Eram gritos, eram laços.
Abaixo à violência, abaixo à rebeldia.
Eram, de um país, os braços.

Mas era cinza a resposta,
assassinos mascarados.
Em sua sigla, duas letras,
pro lado errado, braços dados.

As árvores caiam,
multidões espatifadas.
Dentre a copa, sangue havia.
E das copas, não sobrava.

A cada bomba, um abraço.
A cada bala, clamo paz.
Pra não dizer que não falei das flores,
BRASIL, ACORDA, LEVANTA E FAZ.

domingo, 31 de março de 2013

partida.

mesmo que eu não quisesse,
hoje era dia desapego.
manhã nua, sol que esfria,
som que aperta, esmaga.

já era perto das duas,
e não havia mais nada.
apenas saudades tuas,
antes mesmo da partida.

te olhava daquela janela.
te olhava certo na alma.
a água que esvaía
do teu rosto, ao passo que ia.

foi um movimento,
foi o tempo de um passo,
e todas as teorias
caíram por terra.
me vi escravo
da tua quimera.
e o tempo, mesmo que miséria,
eternizava o que se era.

se foi, pra longe, de novo.
e enquanto se foi,
pensava que não ia.
pensava eu, aqui,
no como seria.

domingo, 17 de março de 2013

murro.


ela aparecia com suas mil faces de sorrir,
me perguntando sem nem me dizer,
da música que em mim tocava
e seus olhos que fechavam pra me ver.

pensava em doze coisas ou mais,
falava em não falar de sua dor.
cravando seu sorriso ímpar laico,
no peito sem um riso dos cristãos.

e quem era essa que jamais viria
se o dia clareasse e se posse a pensar?
é que a lua a pediu pra lhe cuidar
pra que ninguém a roubasse do seu mar.

de hoje em diante.

meu amor, eu sei que andei
meio inconstante,
e não obstante,
eu continuo a te querer.

meu amor, eu que a vida anda
numa velocidade
que a minha dança,
não poderá dançar.

mas, meu bem,
por querer não mais que o teu bem,
o lado de cá não é nada longe
de o que eu terei de andar pra te encontrar!

de hoje em diante,
eu serei de novo,
o que era ontem,
e quem tu conheceu.

de hoje em diante,
por mais as folhas caiam,
e o outono te leve,
eu vou atrás de ti!

sexta-feira, 8 de março de 2013

pronto.

te dou meus versos
e me chamas de clichê.
te falo incerto,
que amo você.

mas me rejeitas,
desamando meu quintal.
me pedes que te dê
o tudo, sobre o bem e o mal.

te digo aqui que nada
que eu possa oferecer,
é capaz de provar,
o que é pra você.

entendes que não dá?
é impossível lhe provar.
se tudo que há de belo,
é menor de o que lhe há.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Deveras,

quem foi que fez
que fosse a saudade
o fruto do amor?

deveras fosse o ar
o canal pra te visitar.
quimeras fosse o meu par
do lado deste rapaz
que faz do teu pranto
a água pro rosto molhar;
do teu acalanto
a coragem pra andar;
da nossa distância
motivo à poetizar;
e das tardes nas redes,
das alquimias de olhares,
duetos, ímpares e pares,
dos beijos morenos,
dos nossos anseios,
o som pra fechar os olhos
pros que dizem não ser
bonito e possível
o nosso teor,
o nosso valor.
minha mais pura dor.
o teu amor, meu amor.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

alegre

ela usa das palavras como se fossem feras
a espreita de alguém para enganar.
e faz do seu encalce um mistério,
duras penas a se enfrentar.

ela faz de seus ingestos o que não era de ser,
e desmonta todo breu do que se era.
ilumina o gesto incerto,
e sorri como se sempre fosse bela.

ela traz no rosto o riso todo de uma era,
ela teima em enfrentar o nada que havia.
ela sabe ao certo que a ninguém se espera
e destraça o negro e se pinta de alegria.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

encanto.

ninguém mandou me olhar assim.
teu sentimento se nascer em mim.
não era por certo que o teu motivo
iria me derramar em versos?

ah, meu bem. eu avisei!
agora não me adianta remédio qualquer...
beco sem saída numa rodovia,
um contra-canto numa romaria.

de pouco em tanto me fazias
te correr de céus e encantos,
e agora já não eras tu que entendias,
mas eu que me fazia parte dos teus dias.

paçoca.

enfim, teus olhos!
os olhos que o tempo não roubou,
que o vento não levou,
amando-me, fixamente.

sabes de mim como se sabes de nada,
e sei de nós que nada espera.
é força da ânsia do abraço,
e é causa, de novo, dos olhos.

enfim, teus olhos.
espelho do vale, retrato da gente.
os passos em par, as horas de nós,
e não há algoz do nosso depois.

e que a estrada não impeça a quimera,
enarmonia pra gente ser.
que estejas a minha espera,
que vou, por certo, te ter.