quarta-feira, 25 de maio de 2011

alegorias.

fantasiar você em nostalgia,
sentir você na maresia,
te olhar com tudo de alegria,
sentir de ti tua energia.

fechar os olhos de alegoria,
ao teu lado onde antes não ia,
fazer da minha vida folia,
esquecer toda e qualquer todavia.

o mesmo fim pra tantos dias,
outro tom pra nossas vidas,
outro tom pras melodias,
fazer tudo que não farias.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

volta.

por favor, me olhe como nunca olhou,
os olhos como fonte de calor.
cresça dentro em mim, junto a mim,
sem assim, não possa mais viver.

volte de onde eu vim,
nossa fonte é a mesma, creio assim,
de um mesmo tal amor,
de um único resto de calor.

não fujas de mim,
não há caminhos para percorrer assim.
pródigo amor, volte para que um dia
volte a ser aí, o que és aqui.

sábado, 21 de maio de 2011

inspir a(r) ção.

procedência poética que afoga minh'alma.
tentativa desvairada de arrumar o pensamento.
selecioná-los numa estante.
separados por forma, tamanho e perigo.

palavras que formam prazeres
ou desvairadas e inexplicáveis horas
que escarneiam e poentam meu dia.

ou que ascendem nos olhos,
de uma escala ultrajada
de prazer,
uma nova melodia.

terceira pessoa do meu singular.

andava em ruas tão desertas.
falava em frases tão abertas.
sentia tudo tão depressa.
amava cada lado das moedas.

não via como a noite era bonita.
não via as cores tão distintas.
não via lado humano no seu sí.
não via a beleza de um simples mí.

era um simples nada tão normal.
ficava em casa em baile de carnaval.
ouvia músicas que ninguém mais ouvia.
pregava coisas que ele não fazia.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

visões.

levitar num campo minado,
prestes a desabar no caos.
tempestades que atormentam
todo resto da minha paz.

se esforçar em atos falhos.
quimeras sem norte deturpando razões.
fuga dos raios, entrando em atalhos
que levam à escárnio em negações.

preponderante frio que te embala.
nostalgia do sempre que se inala.
jardins mortos e rosas negras.
anímica dor que exila as cegas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

o amanhã de antes.

já me olhei em muitos lares
pra morrer no sol de sí.
já senti na pele o feito novo
pra juntar um trapo aqui e outro ali.

um gole café, bordão das cordas, poesia.
nada que antes tente, faça, rume,
pode desgastar de mim essa supremacia.

eu pulo o que há de não vir,
englobo todo certo que há aqui.
corro pro refúgio, chovem letras,
repito outrora, eu, plural de mim.

domingo, 1 de maio de 2011

hermanhesseando

morrer-se da carne é o ato de libertar mil almas furiosas e acovardar-se diante dos problemas.
morra-se da razão,
sem horas e sem dores,
respeitável público pagão,
sejam, assim, não ávidos,
bem vindos ao teatro mágico.

polianímico.

sofro de várias almas.
morro da carne e acordo pro sonho.
não conseguir controlá-las
é um pavor de sofrer em viver medonho.

tudo acontece em um abraço das pálpebras.
entropia anímica fervorando meu eu.
lupino ser enxergando-se em mil almas.
discrepância de seres matando o meu.

a entrada é o preço da razão.
morrer da alma e definir-se, enfim.
rir-se e entender-se como ilusão,
um mágico teatro, início e fim.

fim de uma vida, uma era insana
de dores e buscas, navalhas e burcas.
a carne morreu, pluralidade profana.
viver entre peças das ruas internas.

libertar-se de si para viver de mil almas.
todo começo surge a partir do enfim.
hesseando as vidas que antes não calmas:
eu, plural de mim.

"pra dilatarmos a alma temos que nos desfazer. pra nos tornarmos imortais a gente tem que aprender a morrer."
(O Teatro Mágico - Fernando Anitelli)