terça-feira, 25 de dezembro de 2012

âncora.


passaram-se os anos,
e ainda és a mais bela.
perturbam-se os outros,
e ainda me és a quimera.

ah, meu amor, minha criança...
voltei para cá, de cabeça baixa,
o anjo que canto, o perdão que peço,
pelos anos que não foram, sem nada de causa.

te fui o contrário, te fui sem pudor.
me eras os olhos, me eras calor.
te fui o escuro, te fui solidão,
me eras o claro, me eras o dois.

e agora que voltas pro meu olhar,
e agora apareces, me vendo cantar.
que eu possa trazer-te, aqui nosso mar,
que eu possa agora, por ti velejar.

domingo, 16 de dezembro de 2012

marieta

não quero mais pensar em som,
não quero mais falar de nada.
do que eu gostaria agora?
dum desses sorrisos que me afaga.

ah, marieta.
de ontem nem existias,
de agora me és a madrugada
e mais metade do meu dia.

nem sei mais que quero
amar tanto o que já foi.
me empreitas nova vida
cantando essa grande sina.

ah, marieta.
se pudesses, por fim, me ver.
se ousasses sentir meus braços.
e deixasses a conversa de lado,
pra poder, por fim, amar.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

não pode?

não pode?
não queres que eu te lembre?
e em meio a tantos laços,
e entre tantos nossos braços,
eu te queira?

um pouquinho mais.
um pedaço amanhecido do nosso amor,
um trechinho de outrora com gosto de então,
uma chance ao renascer nosso vigor...

não vês que agora me és rima de novo?
dar-te-ei todos os versos e acordes!
não vês que trago ainda aquele todo
que já sabes que não há escapes?

domingo, 18 de novembro de 2012

ontem.


me pus a pensar se não,
ou se não é, de vez, sim.
que se o talvez do instante,
já não é certo pra vida.

do medo que dá de passar,
da ânsia que sobe a roçar
a nuca com meus carinhos,
não sei se é de pensar.

do já é que te olho agora,
pois nada que vem se dissolve.
por mais que se agora resolve,
pra sempre a memória irá amar.

dos beijos de leve ao pescoço.
o meu gosto fel no teu rosto.
a cabeça gasta da esquiva,
e a vontade rente à saliva.

é que muito 'vou ver'
trava o riso do acontecer,
e quando alumia teu 'sim',
não existe nada mais em mim.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

a te dizer

pare de me desviar os olhares,
se não quer me beijar os lábios.
que audácia tamanha que a faz
me sorrir, e me fazer chorar?

e é o que tenho a te dizer,
que amanhã eu pego a estrada,
que não podes criar meu abrigo,
sempre ao redor do teu umbigo.
que não podes me por num asilo,
que não podes me por na tua estante,
e nem podes me trazer-te aos poucos,
que o que quero é contexto
e não apenas teu trecho
apertando a minha mão.


não!

passei por você, hoje a noite,
e me pareceu que o mundo parou.
todas aquelas pessoas que andavam,
sumiram, quando você não voltou.

não peço pra que me contes,
nem falo pra que me encantes.
eu sei que é é impossível
sorrir para todo o sempre.

mas, destes versos, que trago,
quero que tires afeto.
o teu sorrir é mais perto,
e a tua candura o clamou.

não! 
não derrube ao mundo tua água.
me deixe os dedos molhar.
te trago um poente incerto,
mas trago pra ti meu olhar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

saudade pequena.

e agora me deixas alegre,
dizendo-me da saudade,
que, alegre, te veio a face,
bateu a porta e te adentrou.

da mesma saudade eu dizia,
e agora, até me parecia,
que saía da minha boca e te buscava
o caminho pra te visitar.

caso sério, xícara de café.
madrugada de música.
digo a tudo um breve até.
e me ponho à tua busca.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

já que pediste.

não vou fazer versos feios,
se cabe a mim lhe falar,
se cabe aqui traduzir,
sorrisos que saem da tua boca.

não, não espere que eu vá desgastar,
um mundo de letras tentando encontrar
sentido em palavras que não são capazes
de falar-te, em versos ou prosa.

que eu teça da alma os versos teus.
porque só de minh'alma eles podem
sair de minha boca e bater na sua porta
sem dar-te risada perante minha face.

enfim, pra quê te versar?
se és tão real?
posso dizer que prefiro te olhar
e deixar que as palavras se afundem...

...no nó que engaste a minha garganta.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

quando eu me for!

eu já falei, seu moço!
não tem finados nem silêncio
que vá falar pra eu
calar meu samba!

um dia noel disse,
que o dia que eu morrer
eu quero chorões, sim,
mas de flauta e cavaquinho!

que eu, do além, compasse
a roda de samba.
e, ao meu redor, 
a mulata dance, assim!

quando eu morrer, seu moço!
eu quero som, eu quero samba!
pra que as pessoas saibam
que, em vida e morte, sou bamba!

que tomem até uma cerveja,
que toquem até o sol sair.
e quando me queimarem seu moço,
que esquentem os terreiros, que sambem até cair!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

repetições;

me deixas na boca o gosto da saudade,
me deixas aqui o amargo da vontade.
acontece que foi doce,
acontece que foi surreal.

duvido que tenhas outras lembranças assim.
duvido que não tenhas me olhado ternamente.
fuzilei-te os olhos enquanto os perdia.
fuzilei-te a alma, gravei em mim fotografia.

repito uma vez mais, foi doce.
repito uma vez mais, que se repita!
o gozo de uma noite de uma vida tão bonita.
o gozo e a alegria de uma noite tão macia.

entornei-me em teu corpo como não mais fazia.
entornei-me em tua face com o carinho que havia.
aliás, ali havia todo o carinho de um mundo.
aliás, o mundo nunca viu tal carinho.

pavio.

mas era tudo tão bom,
que poderia demorar mais,
uma eternidade mais,
pro sol nascer.

os negros olhos
no corpo estampado.
braços amalgamados
expulsando o ar do quarto.

explode, numa febre sem igual.
um calor e uma pressa subverte.
já não me é claro aonde estou,
se fora de mim, ou dentro de ti.

entornas os olhos e canta pra mim.
a melodia mais densa que o corpo já ouviu.
num compasso louco, doce, vil,
me acendes, do nada, um louco pavio.

banco da praça, tardezinha.

hoje sim, me fizeste feliz!
um banco de praça,
o vento balançando as arvores,
e você.

antes, me deixava ao léu,
pensamentos enfermos,
carícias perdidas,
achando nada mais.

agora me devolves o riso.
ah, pequena, como és!
ora me ri, ora me chora,
ora me mata, ora me tens.

me fazes crer que ainda sim,
depois descrer que não há não!
mas, enfim, é o que quero pra mim.
o claro cria um sentimento vão.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Passo Fundo, 23 de outubro de 2012.

boa noite, minha pequena!
preciso te contar do que foi.
é que hoje, e talvez ontem,
senti tua ausência me afogar.

me acostumaste mal de nós!
todas as noites, todos os nós!
foi estranho, por essa noite,
não poder te deixar vermelha.

não! por mil vezes te prometo,
essa carta não é uma cobrança.
a bem da verdade, 
nem pretendo te endereçá-la.

essas são linhas de desabafo,
ou de organização.
a tua desaparição daqui,
me fez, apenas, perceber.

ontem, quando o abraço fechou,
e os sorrisos se esquivaram,
me deixaste um ar de
"te queria a colorir, agora"

e, te falo, agora e outrora,
é doce, é o nosso doce,
e a saudade de ti,
que me faz querer mais.


ainda mais.

sábado, 20 de outubro de 2012

adeus.

lembrar-te-ia das confissões?
levar-me-ia nas nossas canções?
o teu ver, sinto lhe dizer,
é apenas um dos ângulos daqui.

se em outras bocas descansei,
se em outros braços me deitei,
foi, de fato, por convicção
de que os teus já não me eram mais.

se o teu rancor me guarda mágoas,
e os teus olhos se fecham pros meus.
fecha-te e fecha as portas,
que nesta casa você não entra mais.

se minhas palavras te remoem,
é bom que doam na alma.
pois o teu silêncio, esse sim, corrói,
e mata, afoga, tira a calma.

eu vou, adeus.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

convite.

te faço esse convite
de um minuto qualquer.
um passeio, uma noite,
um sorriso, sequer.

que o mundo é pequeno,
se as mãos se tocarem.
e os traços das faces,
rirão ao se olharem.

mas, fique sabendo, pequena,
é um convite à alegria.
me coloco, por mim, agora
como opção para o teu dia.

vontade.

você me dá uma vontade,
análoga àquela de beijar-te,
me sobe o rubro às faces,
sempre ao falar-te.

é te olhar e desejar,
mas você me dá uma vontade
imensa que nem sei,
tão grande ainda não achei.

e essa vontade é o que me dá,
sempre das tuas palavras mancas.
rasgar-te à cara os teus poemas,
e guardar-te para sempre em escuridão.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

luz!

ah, carol!
da tua aura, é claro,
não faço mais menção.

a quem chagar a tua luz
uma flor irá nascer.

o sol? chega a se esconder!
não se permite um outro plano,
e, nessa vida, não existe tanto,
que possa te ofuscar.


que a aura aurora boreal,
traga sempre o carnaval,
e a beleza dos sorrisos,
teus traços de pincel,
tua luz de um menestrel,
teu canto de um noel,
teu brilho de um anel.

socorro!

é porque, se sorris,
levas em ti legiões
de alumiados da tua luz!

se me olhas,
trazes em ti um mar
de vaga-lumes nos teus olhos!

um,6etrês

hoje, a noite em prosas,
trabalhos acompanhados,
textos e notas,
e o teu afago.

um pequeno fato,
um grande carinho 
e uma pouca vontade
de partir.

te olho, tão baixo,
n'altura do peito,
escutas compassos
de um tal que te espera.

é tanto o afeto,
que paro os teus traços
na minha memória.
e abro os meus braços
pra tua prosódia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

por agora, repito.

te olho nos olhos,
e é tão difícil dizer que não.
não dava pra te deixar ir embora,
sem lembrar do nosso gosto.

bem sei que está difícil,
viver com lado meu no lado teu.
mas sei que trago agora,
o gosto teu no lábio meu.

somos peça de um quebra cabeça,
com a mesma cor e mesma forma.
e mesmo que os olhos se percam,
por vezes olhando pra fora,

quando as mãos se tocam,
o mundo para, as palmas choram.
e a vontade que tenho agora,
é dessas horas que nos tornam.

é de correr,
gritar teu nome.
te abrir as portas,
e fazer sorrir.

de sorrir junto,
muito pra nós.
de sorrir muito,
os dois, juntos, nós.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

variação de um pré-texto.

vou te dizer como eu ando sentindo,
e o que falam de nós dois aí.
um berço imenso de uma pouca fé,
e notas de um sambinha que não deu pra ti.

é tão gostoso quando as mãos se encontram,
e o mundo para quando a porta fecha.
mas acontece que eu não sou tão torto,
que vou correr o mundo sempre atrás de ti.

o que é de mim não tem problema, tanto
que eu já bem sei o que esperar daqui.
e não pretendo ficar tanto tempo,
e nem pisar em ovos pra falar de ti.

agora eu digo que não é tão pouco,
que a gente pode abraçar a eternidade.
mas se assim você me deixa louco,
eu quero ficar louco, mas não de saudade.


domingo, 7 de outubro de 2012

mudanças!

o que era de ontem já não mais.
não encha mais o copo do moço
com a mesma velha bebida,
forte e estática.

se fores pra me aparecer,
me faça ver algo novo.
que se sabes apenas esperar de mim,
não quero teu consolo.

e a velha escola das velhas lamúrias,
já fica para atrás em outros planos.
que a chuva caia, engenhosamente,
renascendo os nossos panos.

nem mesmo mais a vida precisa rimar.
nem mesmo mais o açúcar precisa adoçar.
um trago bem forte pra limpar a garganta,
um traço em linha reta pra indicar os passos.

é isso, que a vida continue.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

lumiar

vai,
vai que é assim que se voa!
anda ao compasso dos terreiros
que a vida não é assim,
à toa.

não,
não queira as coisas como santas,
que a vida é assim, algoz.
e a gente fica ao relento
desse vento tão atroz.
mas, sorria!

pois um bom coração,
é que nem um samba bom,
não tem lugar nem hora
pra abrir as asas
e acalmar a aflição!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

íssima.

até podes me chamar de bobo!
até podes me falar que não!
desculpa, se eu falo em descasos,
é por não conhecer ilusão.

me falas que nada que digo
é real, que me falo pra baixo.
é que em cima de todo poeta,
se põe par de olhos amados.

não digo que sou dos piores,
mas digo-te não dos melhores.
os outros encontram as palavras,
de ti, só me resta calar-me.

seresta.

vou lhe contar de uma!
das tais era a que calava,
das mil, de pouco se punha,
não viu, que o mundo sambava!

do que valeu toda dança?
do que adiantou o gingado?
se o compasso do meu samba
estava com pés tão parados?

mas logo depois da folia,
depois que a noite morreu,
me vem sorrindo tão lindo.
um dia que o amor renasceu.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

jéssica.

ele era desses que corria o tempo!
sacudia as cordas do violão por tudo!
era de bossa e pouca prosa,
simples e tanto de versos mil!

ela era amiga, irmã e confidente!
dessas que pensam e arquitetam!
que ventura desfeita quando apressavam
as vias de sangue dos sonhos mais belos!

fez samba, fez dramas, fez até poesia.
mas fez, acima de tudo, correr a sua vida.
ela nem viu, nem entendeu, desteve o prazer
e ele chorou, pensou só em perder.

talvez nada houvesse e era tudo uma cria
da imaginação de uma vida vazia.
mas um sem o outro já não mais se via,
de alma e de pactos, irmãos de valia.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

.

que diabos!
quero escrever algo
que grite: PÁ!
poesia feliz!

tropical

já passa das duas,
e a vida continua.
mas não, não é a de ontem,
a tristeza errante.

talvez por um dia,
talvez por mil eras.
de livre me falo,
e a alma liberta.

nem tudo vai certo,
como não pode de ser.
mas todo o incerto
me causa prazer.

de cada pequena quimera
que cruza o horizonte do dia,
de cada flecha que o samba melodia,
inalo o movimento, embalo da via.

vai, meu irmão.
o avesso do avesso.
e os desafinados de coração.

fecha os olhos,
escarra nessa boca
que te beija,
liga o rádio e pega a estrada.


sábado, 5 de maio de 2012

de longe

eu venho de lá
onde o vento vai
e leva dos olhos
a água que traz.

se és de longe e vem
com a intenção de ficar,
o espaço que tenho
é de se acostumar.

e o teu pranto eu hei de secar,
e em teu manto eu hei de ficar.
é que se tens meus sorrisos
tens meu coração!

terça-feira, 24 de abril de 2012

pare!

isso é um assalto!
exijo que cales a boca!
mas deixo que ponhas minhas mãos ao alto,
e que deites meu corpo no teu asfalto.

feche os olhos!
não tens o direito de meu rosto fitar!
apenas eu peço para, sim, revidar,
selar todo beijo que vou te roubar.

esqueças do mundo!
não importam dilúvios, quimeras, quiquoprós.
de agora só olhes para o teu ladrão,
que, transeúnte de almas, se prosta em teu chão.

te roubo mil beijos, abraços, clichês.
te faço refém e aumento teu preço.
te passo meus braços sobre teus abraços.
te faço o além e te prendo em meus laços.

terça-feira, 17 de abril de 2012

peso.

ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sentiu.
era tal destreza de dester os olhos
que qualquer balão criava asas
e andava à tua sombra, procurando amor.

estranha sensação que pesa depois das casas.
estranho arpão de meras frases que atravessam-me.
maldito seja o dia em que segurei as tuas asas,
e o céu e lua e sol, todos, torturavam-me.

ninguém mais tem paz armada, ninguém mais consegue.
um tento teu, algumas horas, amor ao léo, e eu que caia.
se um dia te escreveres métodos, entregues-me algumas cópias.
te juro, tentarei junto aos teus passos, o toque desta alfaia.

até logo.

bem, tenho que dizer
que o peito calava e a voz parecia
que despencava das mil ilusões.
a paz que despeço não é de prever.

dessa vez o peito aperta no adeus.
em cada qual, uma vil vontade.
denovo atrasar os ponteiros
dormir noite a mais nos braços teus.

vai ver o tempo faça o moço
criar asas no coração, desencanar.
vai ver a saudade vai nos acostumar
mas não digo, assim, que o amor vai passear...

...porque ele está aqui.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

um tanto de amor contigo.

te esparrama aqui em cima
que a cama tá grande demais
só pro meu pesar!

por favor, me faz tua coberta,
chega mais perto,
me deixa ouvir o teu corpo falar!

e a falta que fazes, não fazes de ideia!
a mesma viagem que separa os abraços
rios de saudade de amarrar nossos braços!

não sei como é, não sei o que rompe as ideias,
só o que não sei é falar sobre ela.
me trava os sentidos, um tanto de amor contido.

um tanto de amor contigo.






pra não deixar morrer.

trazia nos olhos imenso farol,
e as vendas que eu tinha larguei num só nó.
pois quase ceguei seu imenso fervor,
num tiro, uma queda, me fez teu senhor.

crescente quimera que os sonhos altera,
que fazes de mim um sorriso que só
que fazes da vida não mais quiquoprós,
e fala da gente como se faz sol.

 que a tarde caia, eu via aqui só.
 faltava teu corpo deitado no meu.
 meus lábios procuram querendo o teu rosto,
 minhas mãos sobrecaem no meu lado, teu posto!

 me tens de um inteiro que nem sei contar,
 um tanto de asas batendo no ar.
 e nem um estado vai nos emplacar,
 meu bem, seja o mundo, vou atravessar!



quinta-feira, 5 de abril de 2012

errante

de santa não tinha
corria pernadas
na beira da estrada
mordendo pelas beiradas.

idade crescia,
o dia poentava,
os velhos grisalhos,
erranta a tratar.

dos moços da rua,
fazia um passeio.
às luas pedia
um pós-dia e dinheiro.

mas bela se olhava,
cansada no espelho,
as pernas cansadas,
o álcoolrroendo.

rasgada de tragos.
amada dos bixos.
rainha mazela,
codinome cadela.
benzida de santa,
rebenta de nada,
sedenda de vida,
dona, denovo,
da nada que a vida
em prol, lhe trazia,
do nada do nada
e do nada que havia.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

bem, meu bem.

pois então, de que me adianta
viver meias verdades,
não estar sempre de viagem,
juntar nossos trapos, um aqui, outro ali?

mas, diga! do que adianta?
ouvir músicas belas,
abraçar mais de mil quimeras,
se és tu a mais bela?

não! melhor mesmo é ficar.
esquentar um café,
esperando você chegar,
e deixar a vida mais bela.

que vivas aí, mas vivas em mim.
e em cada gole, tragada, piscada,
me sinta, me veja, esteja
pensando no aqui.
em quem sente, vê e está
pensando em você.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

dezoito.

e, então, depois de tal vazão,
tornear a vida em braços tais,
embarcar-nos em qualquer vagão,
em distintos e contrários finais.

de antemão, contar com tantos ais,
mudar-te a rua, a praça e o berço.
dormir nos becos com os animais,
valia a pena me entregar por qualquer preço.

se já não sou daqueles tradicionais,
se já não corro contra tais funerais,
hoje, na rua, cruzo eu com ti,
e, como em chico, "e aí, lararí!"!

ah, se soubesses o tão bem que me faz.
acho que até percebes o peso que traz.
se mudo até meu estilo de paz,
a escrita, o terço, deixo pra trás.