terça-feira, 28 de dezembro de 2010

extraviei por aí um poeta.

extraviei por aí um poeta. não consigo lembrar onde o deixei. passei por tantos lugares complicados, labirintos, vertigens e passagens. e, como num sopro, o vento leva de mim o que era de menos desagradável.
extraviei por aí um poeta. quem sabe na dor de outros amores. em cigarros baratos de padarias. em mesas de bares de esquina. em amizades que de mim não mereciam nada, além do ódio.
extraviei por aí um poeta. já procurei debaixo dos mares, acima do sol. dentro das pedras, fora das nuvens. talvez ele tenha se escondido dentro de mim. mas extraviei também o mapa para chegar em tal vale.
extraviei por aí um poeta para sobrar espaços dos ponteiros do desajustado relógio. espaços que tento preencher com a tua presença. quem sabe parar o tempo? não, isso não vai me indicar onde o perdi.
ontem, ainda o via. hoje, se foi. extraviei por aí um poeta.

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