me pergunto se é normal
os poetas largarem-se às traças
como estantes não limpas
em períodos de trocas.
já prometi tantas vezes
reunir minhas confissões
e em frívolo minuto engasgado
jogá-las ao ar, como quem grita.
mas tantas vezes a inércia me vem
me beija os lábios e prende meus versos
as frases, cada vez mais longas,
vão se perdendo como um amém.
mas tanto faço e tanto vivo
e tanto caminho sem rumo
que o olhar fixa como um crivo
em luzes difusas de um anjo.
eu sinto que volto
como a águia ao ninho,
como a água à boca
como um guia ao caminho.
as frases me vem
como vem as canções
teu canto apazigua
minhas contravenções.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
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