eu vejo cá embaixo
do fundo da perdição
olho cada traço
e escorro ao pegar em tua mão
me afogo em mim mesmo
no fundo desse escuro
e tu, que voas solene,
será que olhas ao chão?
nem maré, nem minhas ondas
nada supera teu pouso
borda a letra na voz
e embaixo eu me acanho
borboleta veloz,
pousando em meu mundo langanho,
borbulha uma algoz
dos tempos de estio em que estanho
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
a volta
me pergunto se é normal
os poetas largarem-se às traças
como estantes não limpas
em períodos de trocas.
já prometi tantas vezes
reunir minhas confissões
e em frívolo minuto engasgado
jogá-las ao ar, como quem grita.
mas tantas vezes a inércia me vem
me beija os lábios e prende meus versos
as frases, cada vez mais longas,
vão se perdendo como um amém.
mas tanto faço e tanto vivo
e tanto caminho sem rumo
que o olhar fixa como um crivo
em luzes difusas de um anjo.
eu sinto que volto
como a águia ao ninho,
como a água à boca
como um guia ao caminho.
as frases me vem
como vem as canções
teu canto apazigua
minhas contravenções.
os poetas largarem-se às traças
como estantes não limpas
em períodos de trocas.
já prometi tantas vezes
reunir minhas confissões
e em frívolo minuto engasgado
jogá-las ao ar, como quem grita.
mas tantas vezes a inércia me vem
me beija os lábios e prende meus versos
as frases, cada vez mais longas,
vão se perdendo como um amém.
mas tanto faço e tanto vivo
e tanto caminho sem rumo
que o olhar fixa como um crivo
em luzes difusas de um anjo.
eu sinto que volto
como a águia ao ninho,
como a água à boca
como um guia ao caminho.
as frases me vem
como vem as canções
teu canto apazigua
minhas contravenções.
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