...pois me sinto tão pequeno, tão inútil, fútil. Lembro-me das aulas de biologia, onde descobri que peixes tinham vida, mas que era uma vida insignificante. Frustro-me ao descobrir que não sei amar, e se sei, não sei cultivar. Dói-me a sensação de não permanecer em um mesmo ardor vital por tempos inacabáveis, como em meus sonhos infantis. Peixes tem memórias fracas, não lembram de que comeram no almoço, não sabem se podem confiar em seus amigos, aliás, peixes tem amigos?! Acho que, se existir reencarnação, fui eu um feliz peixe.
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A única diferença é que de amigos não reclamo. Poucos, mas bons. Sempre me ajudaram, sem os ajudei, prezo por eles, mas tenho medo de perdê-los. Amigos de fases, não é o que eu espero. Mas, quem disse que peixe espera? Só me resta, na minha inutilidade aquariana, viver, e esperar não morrer na boca de um tubarão-mundo, que anseia por meu sangue.
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(mzc)
"olha só, o cara estranho que chegou, parece não achar lugar no corpo em que Deus lhe encarnou. tropeça a cada quarteirão, não mede a força que já tem, exibe à frente o coração, que não divide com ninguém. tem tudo sempre às suas mãos, mas leva a cruz um pouco além, talhando feito um artesão a imagem de um rapaz de bem..." (los hermanos)